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Palmas, TO
Goiatins – TO — Com gritos de "Chega de esperar, ponte nova já!", moradores de Goiatins e familiares de vítimas se reuniram na tarde do último sábado, 14 de junho, em um protesto marcado por dor, emoção e um forte apelo por justiça. A manifestação aconteceu na ponte localizada sobre o Rio Aldeia Grande, na BR-010, entre os municípios de Goiatins e Barra do Ouro
A mobilização cobrou das autoridades uma solução definitiva para a ponte, que há anos representa um grave risco à vida de quem trafega pelo trecho. A estrutura atual é uma ponte provisória, construída como desvio temporário durante as obras de pavimentação da rodovia. O asfalto foi concluído há mais de uma década, mas a ponte definitiva nunca foi construída — sequer houve início das obras. A ponte atual é estreita, desalinhada com a pista asfaltada e fica deslocada lateralmente, agravando o risco de acidentes.
Durante o protesto, a pista foi interditada nos dois sentidos, o ato organizado por uma comissão de moradores, ocorreu de forma pacífica e sem registro de ocorrências.
Com cartazes nas mãos e fotos das vítimas, os manifestantes denunciaram o descaso histórico com o trecho. Familiares que perderam entes queridos em acidentes no local, justamente por conta do abandono e das condições precárias da ponte, deram depoimentos emocionantes, entre eles Larissa Luiz, filha de Laury Luiz Camera, que morreu em um acidente no local em 13 de janeiro de 2023.
“Não chorar é dificil. Hoje meu o coração grita e minha voz se levanta por um luto que jamais será apagado ou amenizado, luto da imagem de um trabalhador, honesto, um excelente pai, um marido amoroso, que sonhava alto e que lutava bravamente todos os dias por um futuro melhor”, relatou Larissa, em meio às lágrimas.
O laudo pericial do acidente foi categórico ao afirmar que a tragédia poderia ter sido evitada se houvesse sinalização adequada, pavimento e barreiras laterais de proteção. “Meu pai infelizmente faleceu nessa ponte no dia 13 de janeiro de 2023, mesmo com tanta luta, tanto sonhos, foi o descaso que levou a vida dele embora, a dor maior é saber que a morte do meu pai poderia ter sido evitada, o trecho onde ele perdeu a vida, reúne tudo que não deveria existir numa rodovia federal, uma curva perigosa, um declive com desnível, piso de terra batida, ausência total de sinalização tanto horizontal e vertical, e uma ponte sem nem uma proteção lateral, além de ser muito estreita que a pista, a pericia após o acidente foi clara e irretocável, o laudo afirma, com todas a letras que, o acidente de transito por precipitação seguido de óbito do condutor, não teria orcorrido se fosse observados elementos de segurança como piso asfáltico e barra de proteção nas laterais da referida ponte, ou seja meu pai morreu porque essa estrada foi abandonada, ele foi mais uma das vitimas, mas ele não deveria ter sido, quantas mais precisarão perder a vida para que algo seja feito, por isso estamos aqui hoje para de dizer basta?”, questionou.
Larissa finalizou dizendo:
“Eu sei que uma ponte nova, um asfalto descente, placas e sinalizações não vão trazer a vida do meu pai de volta, não vão amenizar a nossa dor nem a saudade, mas poderão evitar que outras famílias passem pelo que a minha família tá passando, queremos uma estrutura digna e segurança por justiça por memoria, por todas as vidas que ainda podem ser salvas, obrigado a todos que estão aqui, e meu agradecimento especial a comissão que teve coragem de inciar esse movimento, a nossa dor se transforma em luta e a nossa luta vai continuar, até que essa ponte deixe de ser uma ameaça e torne finalmente um caminho seguro.” Disse Laryssa
Além de Larissa, lideranças religiosas como o padre da comunidade e o pastor Cícero também se pronunciaram, reforçando o apelo por dignidade e respeito à vida.
Esse foi o primeiro protesto organizado após a criação da comissão de moradores que pretende acompanhar de perto o andamento de qualquer medida futura. Caso nenhuma providência seja tomada, novos atos não estão descartados.
